segunda-feira, 25 de julho de 2011

Genocidio

250 mil. 250 mil cadáveres. 250 mil pessoas, como tu e eu, violadas, torturadas, mutiladas, esventradas, assassinadas.
250 mil e' o numero de pessoas enterradas em valas comuns, nos jardins do Centro Memorial do Genocídio do Rwanda.
Do milhão de pessoas brutalmente assassinadas, durante os 3 meses de chacina no Rwanda, 1/4 estão enterradas aqui, neste centro construido em Kigali, para relembrar, investigar e educar sobre os acontecimentos de 1994.
Genocídio vem das palavras "geno" (raça) e "cidio" (matar). Neste caso, o "geno" eram os Tutsis.
O Rwanda tinha na altura 10 milhões de habitantes, dos quais 90% Hutos, e 10% Tutsis. Eram governados por um presidente ditador, Habyarimana, e os seus mais próximos, todos Hutos. Eles não queriam perder o poder. Face aos problemas que começaram a ter, arranjaram um bode expiatório, os Tutsis, que já eram descriminados há dezenas de anos. Para propaganda, usaram jornais, rádios e televisão. Espalharam a mensagem que os Tutsis queriam controlar o pais, explorar os Hutos e escraviza-los. O exercito era totalmente controlado pelo governo, tal como a policia. Como se não chegasse, formaram milícias, grupos de jovens, treinados militarmente, só com um objetivo: exterminar os terríveis Tutsis!
No dia 4 de Abril, o avião do presidente foi abatido. O presidente morreu.Bem preparados, com o plano estudado ao pormenor, o governo deu ordem para o inicio do extermínio dos Tutsis da face da Terra.
Primeiro foram os Tutsis mais influentes, As milícias foram a casa de cada um deles e exterminaram toda a família. A primeira ministra, Huto, tentou para o massacre. Foi torturada e assassinada. O mesmo aconteceu aos 10 soldados belgas que a tentavam proteger. Pelas cidades, aldeias, campos, o massacre começou. Nenhum Tutsi podei ser poupado. Hutos qu tentavam ajudar Tutsis, tinham o mesmo destino. As milícias percorriam as ruas das cidades, as aldeias, em busca de Tutsis. As únicas armas que tinham eram bastões com pregos, catanas (machetes), pedras. Quando os Tutsis se juntavam para se protegerem, era chamado o exercito. Com balas e granadas davam cabo da resistência. Depois entravam as milícias para fazer o trabalho de carniceiros. Graças 'a  propaganda emitida, muita gente foi convencida que os Tutsis eram perigosos, e por isso juntaram-se também 'as milícias. Mataram-se vizinhos, cunhados e ate' filhos. Segundo a regra, filho de pai Tutsi e mãe Huto e' Tutsi. A loucura era tanta que houve casos de mães a matarem os próprios filhos...
Visitei a igreja de Nyamata. Os Tutsis da zona refugiaram-se la.Durante alguns dias, homens, mulheres, crianças, idosos, bebes resistiram 'as milícias. 10.000 pessoas na igreja! Veio o exercito. Começou a disparar para dentro da igreja. As pessoas começaram a cais, umas sobre as outras, sem poderem fugir. No chão escorria sangue como se fosse agua. As milícias entraram para matar os sobreviventes. As crianças, esmagavam-lhes a cabeça contra a parede da igreja. Num dia, morreram os 10.000. Ou quase. Mas no dia seguinte, as milícias voltaram para matar os que ainda respirassem.
Hoje, estão la amontoados, para que ninguém se esqueça, as roupas de todas as vitimas. Montes e montes de roupa ainda vermelha de sangue. O pano do altar ainda tem as manchas vermelhas. As paredes e o tecto também. Estão expostas algumas ossadas das vitimas. Na igreja só existe um caixão, fechado. Nele esta' o corpo de uma mulher. Quando foi apanhada, estava com o bebe nos braços. Foi violada pelos 20 homens da milícia. Espetaram-lhe pregos por todo o corpo. Enfiaram-lhe uma vara pela vagina, ate sair pelos ombros. Antes que morresse, colocaram-lhe o bebe nos colo, e, com a mesma vara, furaram o bebe e a mãe de uma só vez. Esta no caixão porque os familiares quando vão 'a igreja não aguentam olhar para ela.
Na igreja de Ntarama, eram 2.000. A historia a mesma. Ainda la esta a vara usada para torturar mulheres. 'As crianças, agarravam-nas pelos pés e batiam com elas na parede ate a cabeça rebentar. Ainda la esta a parede e as manchas! Noutra igreja, os Tutsis tantos e as milícias poucas. O exercito chegou. Tiros. Para não fugirem cortaram os tendões de Aquiles 'as vitimas. E durante alguns dias, foram matando os Tutsis que la estavam, espalhados pelo chão, 'a espera da morte.
O terror só acabou quando um exercito de rebeldes Tutsis entrou no pais, e derrubou o governo. Isso levou 3 meses, e custou 1 milhão de vidas.
A segunda parte da historia acho mais impressionante.
Os rebeldes Tutsis formaram de imediato um governo. Com Tutsis e Hutos, O Presidente e o Primeiro-ministro Hutos. Muitos dos assassinos fugiram para o Zaire, mas muitos ficaram e foram apanhados. O governo não matou um único. Entre a reconstrução de um pais em ruínas, montou tribunais civis e tribunais tradicionais. Os criminosos foram chamados 'a justiça. Os que aceitaram colaborar tiveram sentenças reduzidas. Todos os guias dos locais de recordação são sobreviventes. O nosso guia na igreja de Ntarama 'e um dos 2 únicos irmãos que sobreviveram, duma família de 12 . Durante 4 semanas, com 13 anos, andou escondido em montes e pântanos ate encontrar os rebeldes. Mais tarde, um dos assassinos aceitou mostrar-lhe onde estavam enterradas a mãe e uma irmã. "Mostrou-me onde elas estavam, e assim ajudou-me a ter paz". Muitos dos assassinos estão ainda na prisão. Muitos já estão em liberdade, no Rwanda.
O pais não esquece nem esconde. Todos os locais de massacre estão conservados. As crianças visitam-nos com a escola. Mas o pais decidiu avançar. Perdoar. Perdoar os assassinos dos próprios pais e irmãos.
No pais que eu vi, não existem Tutsis nem Hutos, só Rwandenses. Os campos estão todos cultivados e verdes., os autocarros saem a horas, a policia não pede dinheiro, as cidades sao seguras para andar 'a noite.
Passados 17 anos de um dos maiores massacres da historia da Humanidade, o Rwanda e' um dos países mais desenvolvidos de África. E sem mais uma gota de sangue.

terça-feira, 19 de julho de 2011

de Kigoma a Kigali

As horas em Africa sao diferentes. Nao e' nenhuma metafora. Nesta parte do mundo, existe o horario Swahili. As nossas 6 da manha sao as 0 horas, o meio-dia as 6, e as 6 as 12. E comeca outra vez do 0, das 6 da tarde ate' 'as 6 da manha. Parece-me mais logico. O dia comeca quando o sol nasce. Nunca comecei nenhum dia 'a meia noite! Deparei-me com isto quando, na embaixada do Burundi, me disseram que fechavam 'as 9 (eram 11 da manha). Pareceu-me bom demais. Perguntei outra vez. "Sim sim, fechamos 'as 9, quer dizer, 'as 15!"

O MV Liemba chegou a Kigoma de noite, por isso passamos a noite no barco, e de manha desembarcamos. A cidade e' tropical, palmeiras junto ao lago, calor, ambiente descontraido, sem pressas nem muita confusao. Junto com os alemaes, encontrei um hotelzinho simpatico. A etapa seguinte era ir de Kigoma (Tanzania), ate' Kigali (Rwanda). Pelo meio, um dos paises mais pobres e perigosos de Africa, o Burundi. As suecas decidiram que iam tentar contornar o Burundi pela Tanzania, eu e 2 alemaes decidimos atravessar o Burundi. Fomos ao consulado do burundi para o visto. Disseram que necessitavamos de fotos e que fechavam 'as 9. Fomos tirar as fotos, voltamos, e em 10 minutos saimos com o visto. Como ainda havia tempo, juntei-me ao casal alemao e fomos visitar Ujiji, local do famoso encontro do Dr.Livingstone com M.Stanley, em que o ultimo pronunciou a famosa frase: "Dr. Livingstone, I presume". Como resumo, o Dr. Livingstone foi um missionario transformado em explorador, que, no final do sec.19 percorreu o interior de Africa, ainda inexplorada. Percorreu os caminhos dos traficantes de escravos, para denunciar e acabar com a escravatura em Africa. Andou sozinho (sem companhia europeia), durante mais de 20 anos, sem descansar, ate morrer em Africa. Um homem movido por uma crenca religiosa de missao, de libertar todos os escravos do mundo. Uns anos antes, como nao recebiam noticias do explorador, enviaram o bom do Stanley para o encontrar. Depois de 3 meses na selva 'a procura de Livingstone, quando o viu, com a sua postura britanica, o mais euforico que conseguiu ser foi tirar o chapeu e "Dr. Livingstone, I presume".
Ujiji e' uma pequena aldeia perto do lago. Dai' iniciava o caminho que os escravos negros percorriam ate chegar a Zanzibar, na costa, a mais de 1.000 kms. O inicio do caminho ainda esta' bem marcado, pois os vendedores muculmanos plantaram, ao longo do caminho, arvores de mangas, que hoje em dia formam um tunel verde. E durante meia hora percorremos esse caminho sombrio.
De regresso a Kigoma jantamos um franguinho na brasa, no meio da rua, e despedimo-nos. O grupo do barco dividia-se no dia seguinte, cada um para o seu canto de Africa.
6 da manha, eu, o Pascal e o Thobias apanhamos o autocarro ate 'a fronteira. Subimos subimos a montanha, num clima tropical. As bananeiras comecaram a aparecer por todos os lados. Com a altitude, o tempo arrefeceu. O posto fronteirico da tanzania vazio, o oficial muito simpatico, carimbou o passaporte e indicou-nos o taxi. O posto fronteirico do Burundi ficava a 10 kms de distancia! Metemo-nos os 3 num Toyota Corolla, com as malas em cima de nos, e arrancamos montanha fora. Passados 100 mts, o asfalto mudou para terra batida, da vermelha. O condutor nao abrandou. Comeca a chover, piso molhado, e o homem a acelerar. Iamos com o Collin McRae do Burundi! Claramente o carro nao era dele, pois nao o poupava aos buracos. 20 minutos e chegamos ao posto do Burundi. Com o visto, entramos sem problemas. Arrancamos para mais 15 minutos de rali. O famoso rali das montnhas do Burundi.
Finalmente, chegamos a uma aldeia no meio da montanha, ainda com tudo em terra batida, muita gente nas ruas. Vamos 'a paragem dos autocarros e, a entrar num deles, estavam as nossas amigas suecas. Pelos vistos no dia anterior mudaram de ideias, e foram directas ao Burundi. Mas como ja era tarde passaram a noite na aldeia, no meio da montanha. Entramos no mini-bus (a tipica Hiace atafulhada de gente e galinhas) e, quando iamos a arrancar, vem um senhor com ar de importante a dizer que tinhamos que pagar o visto. Que nao, que pagamos em Kigoma. Que nao, que tem que pagar aqui. O mini-bus deu meia volta e fomos todos ate 'a estacao da policia! Muita confusao (poucos falam ingles naquela montanha), mas, com a ajuda de um passageiro, em 15 minutos esclarecemos a situacao. Pedimos desculpa aos restantes passageiros (que nunca resmungaram nem se queixaram), e arrancamos para Bujumbura. Atravessamos mais montanhas, muito verdes, muito tropicais. As casas todas simples, cabanas. Babaneiras por todo o lado. Muitos projectos de recuperacao financiados pela comunidade internacional. A estrada desceu outra vez para o lago Tanganika, e foi sempre a acompanhar a agua, num ambiente tropical, com agua azul clara, o ceu carregado, com ar de chuva tropical. Ameacou e choveu. Paramos algumas vezes porque nao se conseguia ver a estrada. A chuva abrandou e nos aceleramos ate Bujumbura. Chegamos ainda de manha. A cidade com ar de bairro mau. Toda ela. O amigo que nos ajudou com a policia ja tinha ajudado as suecas no dia anterior. Parecia de confianca. Aconselhou uma pensao perto de casa dele. Era mais barato que no centro. Normalmente nao aceitaria, mas eramos 5, e os meus companheiros de percurso muito poupadinhos. OK. Metemo-nos num taxi e cruzamos a cidade. Do outro lado, um bairro ainda pior. Entramos num musseque (favela, bairro de lata, etc), e numa rua melhorzinha, la estava o hotel. Limpo, ar seguro, respeitavel. 3 euros a noite. Impecavel!
Ainda era meio dia, fomos dar uma volta pela cidade com o nosso anfitreao. Mas primeiro fez questao de nos mostrar a casa dele (dos pais), no musseque. La fomos os 5 branquinhos, lama fora. Ninguem nos chateou, as criancas diziam adeus e e riam muito quando respondiamos. Lixo por todo o lado, cheiro a condizer. Muitas barracas. 2 anos em Angola, e tenho que vir ao Burundi para entrar num musseque!
Na visita 'a cidade nao encontramos nada de especial interesse ou original. Um mercado central grande, e pouco mais. De notar uns carregadores que transportavam sacos de farinha 'as costas durante 50 mts, a pesarem 120 kgs!

Dia seguinte, o nosso amigo Djutos levou-nos atraves da favela, mochilas 'as costas, ate 'a estacao de camionetas. Dai', transporte directo ate' Kigali.
Das margens do lago, subimos outra vez a montanha. Ainda mais verde! Subimos mais e mais. No topo, a fronteira com o Rwanda.
- Visto?
- E' preciso?!?! Disseram-me que nao!
- E' preciso! Devia ter ido 'a internet pedir o visto antes de vir!
- Nao sabia que tinha que pedir na internet...
- E muito facil!!!! E agora, se nao o deixar entrar?...
- ....
- OK, vou dar-lhe o visto. Mas para a proxima nao se esqueca!!!

30 dolares. Nao me cobrou nem mais um centimo do que o indicado na tabela. Em 15 minutos estava despachado. Isto e' o Rwanda. 'A entrada, um cartaz do governo:"Investimento sim! Corrupcao nao!
A paisagem transformou-se. As cabanas transformaram-se em casas como deve ser (pareciam as casas dos nossos emigrantes). A estrada bem asfaltada e pintada. Os campos, todos divididos em pequenas parcelas, todos cultivados! Milho, bananas, eucaliptos. Fabricas pequenas e medias, espalhadas pela paisagem. Meus amigos, o Rwanda parece o Minho!!!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

MV Liemba

Viajar no MV Liemba e' entrar dentro de Africa. E' ver e sentir como funciona o continente. E' ser espectador do dia a dia das populacoes isoladas de aldeias no lago Tanganika. E entretanto, percorrer 500 kms em 3 dias.
Construido pelos alemaes ha quase 100 anos (1913), para o transporte de tropas no lago. Fabricado na Alemanha, desmontado, e montado outra vez no seu lago. Afundado pelos seus criadores, e recuperado pelos Ingleses.
Agora, percorre o lago de quinze em quinze dias, iniciando a percurso em Kigoma, Tanzania, indo ate' Mpulungo, Zambia, e regressando a Kigoma. Durante o percurso faz umas 15 paragens. Entre viagens, aproveita para levar refugiados de volta ao Congo.
Transporta passageiros (1a, 2a e 3a classe), mas principalmente transporta mercadorias. As estradas 'a volta do lago sao ma's ou inexistentes, e o barco e' a melhor (talvez unica) forma de as varias aldeias fazerem chegar os seus produtos excedentes aos mercados. A maioria peixe, peixe seco, que e' a forma mais comum usada em Africa para conservar o peixe. Ha 4 formas de conservar o peixe: congelar, salgar, fumar, secar. Sem electricidade nao ha congelamento, sem sal nao se salga. Fumam o peixe, mas essencialmente secam o peixe (coisas que se aprendem num barco).
Transporta tambem arroz e outros cereais. E o barco transporta tambem cimento, pois ha uma fabrica do mesmo numa das paragens intermedias. Para Kigoma vao sacos de cimento, para Mpulungo, sacos de clinquer.
O Lewis e' de Mpulungo. Faz a vida a comprar e vender peixe. Tem uma t-shirt da seleccao espanhola e uma fotografia do Cristiano Ronaldo no telemovel. O clube favorito e' o Real Madrid. Apanhou o barco em Mpulungo com um amigo do Barcelona, e vao comprar peixe a Bilenge. Daqui a 15 dias apanham o barco, quando estiver a descer outra vez para Mpulungo. Levam 1.500.000 shillings no bolso (1.000$) que deve dar para comprar 4 ou 5 sacos de peixe. Peixe pequeno, miudinho, mais pequeno que o meu mindinho. A unidade e' o balde. Um saco leva 9 baldes.
O Lewis e o amigo esperam vender a mercadoria por 5.000.000 de kwachas. Tem que pagar o transporte e taxas alfandegarias. Pelas contas deles, poe e tira, multiplica e subtrai, fica com um lucro de 4%. 40 $ para 15 dias de trabalho?! Parece-me queixume de negociante. So' deve ter 20 anos, mas muita experiencia no negocio.
E' de pequenos comerciantes como o Lewis, que as aldeias dependem para vender os seus produtos e receber outros. E a estrada deles e' o MV Liemba.
Quando atracou em Mpulungo trazia o porao cheio, mas saiu totalmente vazio. Carregou cimento na primeira paragem, e depois comecou a encher de cestos de peixe seco e sacos de arroz. Primeiro encheu o porao, depois comecou a encher o conves.
A 3a classe esta' ao nivel do conves. As pessoas espalham-se 'a volta dos cestos. Os cestos vao-se amontoando e subindo, as pessoas com eles. Ha muitos homens, ha muitas mulheres. Quase todas com um bebe' 'as costas. O bebe' esta' quase sempre a mamar. Os bebes nunca choram, no barco.
Elas vestem sempre roupas tradicionais, grandes vestidos a cobrir o corpo todo, isto e' uma sociedade conservadora. Eles, calcas ou calcoes, e t-shirts. Se possivel de futebol. O barco esta carregado de estrelas: Beckam, Owen, Xavi, Ibrahimovic, Ronaldinho Gaucho. Os clubes sempre os mesmos: os 4 de Inglaterra, os 2 de Espanha, e o AC Milan. Sao os produtos da televisao. O Lewis pagou 5 euros pela seleccao de Espanha.
Excepto o inicio e o final (e a fabrica de cimento), todas as outras paragens sao em pequenas aldeias. Nao tem porto. Por isso, quando o L:iemba se aproxima, faz soar a sua forte sirene grave, que da' inicio a uma corrida de barcos da aldeia ate ao Liemba, que atraca ao largo. De madeira, alguns a remos, outros a motor, vem o mais mais rapido possivel, qual corrida olimpica. Alguns trazem a mercadoria do costume, outros so' passageiros. Quando estao a chegar perto, os pequenos barcos, quais piratas ao ataque, lancam as cordas para o conves do grande barco metalico. 2 ou 3 rapazes saltam e trepam o navio para amarrar as cordas onde melhor for possivel. Todos ajudam, ate' o cozinheiro. Para os pequenos barcos de passageiros, e' uma corrida frenetica, pois os primeiros a chegar carregam mais passageiros.  Os ultimos levam restos. Os barcos atropelam-se uns aos outros, ha muitos gritos de barco para barco. Pessoas a saltar entre barcos, a entrar e a sair. Bebes a passarem de mao em mao. Bicicletas para cima e para baixo. Um conjunto completo de mobilia de quarto vai ate' Kigoma. Os grandes sacos sao carregados com o auxilio de uma pequena grua do Liemba.
No fim de todas as trocas, entradas e saidas, os pequenos barcos viram costas e voltam, agora num lago tranquilo, para a aldeia junto ao lago de onde arrancaram. O Lewis saiu nesta paragem. E juro que vi o Xavi e o Albidal a levar 4 senhoras no seu barco a remos.
E no meio deste mundo, quais actores no filme errado, vao os alemaes, as suecas, os dinamarqueses, e o portugues.
Um fisico desempregado, um carpinteiro entre trabalhos, o casal de professores em busca do rasto de Livingstone, os estudantes que tiraram um ano antes da faculdade para fazer voluntariado, e o portugues, a caminho de casa.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A caminho do lago

Uma das etapas da viagem era subir, de barco, o lago Tanganika, que fica no norte da Zambia. Como o barco era so dia 24, andei a empatar tempo durante duas semanas, entre o Zimbabwe e South Luangwa. Mas ja estava na hora, e meti-me a caminho do norte da Zambia.


Deixei o parque de South Luangwa de aviao, de regresso a Lusaka. Aproveitei uma modalidade muito simpatica que a Zambia Air tem, que se chama Stand-by ticket. Vamos para o aeroporto uma hora antes do voo. Se sobrarem lugares no aviao, o bilhete fica por 60$. Isto sim, e' organizacao e optimizacao(pelo menos fizeram um passageiro feliz)! Com 3 voos diarios, um tinha que ter um lugar. Foi logo no primeiro.
No aviao ia tambem, por coincidencia, um dos guias do parque, que ia de ferias para outro parque na Zambia. Como ficava a caminho, cravei boleia. E assim fiz a primeira parte do percurso de Discovery. Ainda deu para ver uma parte de Lusaka que nao conhecia, mais desenvolvida e moderna (afinal a cidade ate' e' engracada), e depois fazer 500 kms de caminho. Ja de noite, deixaram-me numa pequena vila, de seu nome Serenje. Agarrei o primeiro motel que apareceu, e eles partiram. Acho que de noite, todos os moteis parecem manhosos. Mas 'aquela hora tambem nao podia ir procurar mais. Mas ate era simpatico, e pelos vistos eu era o unico cliente. Dia seguinte, procurar autocarro para a cidade seguinte. Perguntei no motel, e o recepcionista disse que em Serenje so parava uma camioneta, a dos Correios, que ia para Kasama. A dos Correios? Sim, a dos Correios. E onde e' que apanho a camioneta dos Correios? Nos Correios!(estupido...). E muito simpatico, veio de taxi comigo para me mostrar onde era. E realmente, la estava o posto dos Correios, e la comprei o bilhete para o autocarro dos Correios! Deve ser para ir no meio das cartas e das encomendas, imaginei.
Ainda tive tempo para dar uma voltinha na vila, so com uma rua, lojas dos dois lados, quase todas de productos agricolas, mercearias, e de telemoveis. Os telemoveis sao muito importantes em Africa! Levantei dinheiro no Multibanco (pois e', ate este ermo tem multibanco!) e voltei para os Correios. La chegou, e afinal era uma camioneta normal (embora bastante velha). Mas como o "porao" ia cheio de correio, as malas iam nos ultimos bancos, ainda vazios. Ao contrario das outras viagens, nesta os meus companheiros de viagem eram ali da zona, todos agricultores ou afins. A senhora ao meu lado, ja de idade, mas ainda com ar de quem todos os dias trabalha no campo e carrega com muita coisa 'a cabeca. E foi entao que tive mais um dos momentos de "globalizacao", quando a senhora, debaixo das suas roupas africanas, muito simples porque nao tinha aspecto de ter dinheiro para mais, tira um telemovel igual ao meu e liga para alguem.  Nokia, mesmo modelo, mesma cor. Ver uma pessoa tao diferente de mim, de um meio que nao podia ser mais distante do meu, usar exactamente o mesmo telelmovel, fez-me sentir realmente que o mundo esta' pequeno, muito pequeno. Em qualquer parte do mundo, em qualquer profissao, hoje em dia, usamos os mesmos telemoveis, bebemos as mesmas bebidas, vemos os mesmos programas (na Zambia passa actualmente uma telenovela brasileira da globo).
Como chegamos a Kasama ja tarde, fiquei ai nessa noite. Uma guest-house muito simpatica, com uns belos jardins de uns senhores ingleses ja com 40 anos de Zambia, que ate gritaram com o taxista que me levou la, porque pelos vistos me estava a pedir um balurdio. Eu e' que fui estupido, que so' perguntei o preco depois de entrar no taxi, e nao antes. Depois queixo-me de ser chulado!
Dia seguinte, apanhei um mini-bus (um candongueiro, para quem conhece), para fazer o percurso final ate ao lago. Uma daquelas Hiaces onde deviam ir 12 pessoas, mas vao 20! Isto claro, sem contar com os bebes de colo, que ha sempre pelo menos 3 ou 4. Quando arrancou ate iamos poucos (uns 14), mas ele fez questao de dar a volta 'a cidade ate encontrar passageiros para fazer numero redondo. Viagem sem problemas. De vez em quando para mudar de posicao la pedia ao parceiro do lado, e ele tambem se mexia, e acabava toda a gente la dentro a mudar de posicao. Ao fim de 50 paragens para entrarem e sairem passageiros, la chegamos ao destino: Mpulungo! Mpulungo fica nas margens do lago Tanganika, que e' um dos maiores do mundo, e o mais profundo. Finalmente chegar, e ver outra vez agua como se fosse o mar, foi uma sensacao maravilhosa, quase de liberdade! Fiquei num lodgezinho, Nkupi Lodge, com cabanas individuais simples, mas limpas e arejadas. Soube a 5 estrelas, depois daquela viagem! No mini-bus comigo vinham dois americanos, um deles que trabalha no PeaceCorps. Para quem nao sabe (eu nao sabia), o Peace Corps e' um servico de voluntariado americano, organizado pelo governo, que envia jovens durante 2 a 4 anos para uma qualquer parte do mundo, para ajudarem populacoes locais. Este amigo estava numa aldeia no meio da Zambia, com outro colega, a viverem numa cabana igual 'a da restante populacao, e so ia a casa no final dos 2 anos! E no's ainda nos queixamos da vida de expatriado em Angola! (Eu agora, de longe, posso mandar estas bocas!)

Depois de instalados fomos beber uma cerveja 'a beira-lago, e ainda ver o por do sol. Ainda tentamos comprar peixe aos pescadores, mas peixe fresco, so de manha, pois claro!
Dia seguinte, alugamos um taxi entre os 3, e fomos visitar as quedas de agua de Kalambo, que, com os seus 200 metros de altura, sao as segundas mais altas do continente. Duas horas de carro por estradas de terra muito ma's, e la chegamos. Um pequeno rio, mas que, quando se atira do precipicio abaixo, se transforma numa cascata enorme. La embaixo, muito la em baixo, vemos onde aterra, no meio de um vale rodeado de escarpas. Tiramos algumas fotografias e, como nos tinham dito que podiamos tomar banho, fomos mandar um mergulho. A poucos metros da queda, pe ante pe, la nos metemos na agua. A corrente relativamente forte, com medo de sermos arrastados, foi um primeiro voluntario 'a frente (e' sempre o portugues, pois claro), agarrado pelo americano, ate' perder pe. La ganhou coragem e comecou a nadar para a outra margem, contra a corrente. Afinal nao era assim tao dificil! Podem vir, seus americanos maricas!Do outro lado dava para ir ate ao bordo do precipicio, entre dois bracos de agua e olhar mesmo para baixo, e ver a agua a desaparecer no abismo. Ficamos ali quase uma hora, so a ver a paisagem, a ouvir o trovao da agua, a aquecer ao sol, a sentir o vento que subia pelo precipicio acima, vento quente e forte. Os 5 sentidos inundados, isolados no meio de Africa...
Entretanto, la apareceu o Elvis para irmos embora. Elvis era o nome do taxista. 'A noite jantamos um peixinho que o Scot tinha comprado no mercado de manha (pois claro), e que a senhora do hotel preparou. No lodge estavam mais duas suecas, de 19 anos, que tambem andavam a viajar por Africa, da Namibia ate ao Quenia. Duas meninas loirinhas, de 19 aninhos, a viajar sozinhas, sao a prova de que qualquer pessoa, homem ou mulher, velho ou novo, pode viajar perfeitamente por Africa. E que a unica coisa que custa e' o primeiro passo, o de meter-se 'a estrada! O barco, o venerando MV Liemba, chegava no dia seguinte ao porto. Podia ser 'as 4 da manha, podia ser ao meio dia. Em caso de duvida, toca a deitar cedo.
'As 6 da manha fui ate ao porto, mas do barco, nada. Disseram-me que entre atracar, descarregar, e partir, deveria levar umas 4 horas. E que quando chegasse, o apito ouvia-se em toda a cidade. Aproveitei para subir 'a cidade, escrever um bocado no meu blog, comprar comida, cortar o cabelo (achei que a ocasiao exigia), e quando estava a chegar ao Lodge, que era em frente ao lago, la ouvi o apito do Liemba. Eu e as suecas metemo-nos no taxi directos ao porto. Tratamos dos papeis da fronteira, passamos pelo meio da multidao de gente que comprava e vendia os produtos que o barco trazia (peixe, arroz, etc), e entramos no barco, 'a procura do senhor que em principio nos ia vender os bilhetes. 'A nossa frente tinhamos 3 dias de viagem, a subir o lago mais comprido do mundo, num barco com 100 anos de idade!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Safari na Zambia

  
Viagem para Chipata

Viagem para Chipata

Uma noite em Lusaka, dia seguinte outra camioneta, agora para o interior da Zambia, mais precisamente o Parque Nacional de South Lwangwa.
Estacao as camionetas:
- Proxima camioneta para Chipata?
- E' esta, sai agora 'as 6.30, mas ja nao ha lugar. Tens que ir na seguinte, 'as 8.
- OK. Vou trocar dinheiro e ja volto para comprar o bilhete.
- OK, ja tenho o dinheiro. Quero entao o bilhete para as 8.
- Queres ir nesta das 6.30? (a camioneta ja em andamento a sair da estacao)
- Quero claro!
- PARA!!!! ESTA' AQUI MAIS UM PASSAGEIRO!!!
Abre-se a porta, eu a atirar as mochilas la para dentro e a correr pela rua fora. Pelo que percebi, o ajudante do motorista vendeu-me o lugar dele e ficou com o dinheiro. Foi e' a viagem toda em pe'...
8 horas ate' Chipata, e depois mais 4 horas de taxi de Chipata ate' Mfuwe (entrada para o Parque). Ja tinha reservado alojamento no Flatdogs (www.flatdogs.com) Ja era noite, comer e dormir. Tinha 'a minha espera uma tenda com cama e uma casa de banho ao ar livre. Nao e' para ter pena, as instalacoes sao optimas. Nestes lodges o dia a dia e' normalmente: das 6 'as 10 safari no parque, de carro, e das 16 'as 20 outro safari no parque. O safari e' feito em jipes abertos, sem portas nem tejadilho, com um guia local.
Primeira manha, saimos para o parque. Mal saimos do lodge, babuinos! Nao me largam! Gracas ao amigo deles das Victoria Falls, nao lhes acho piada nenhuma... Aparecem logo grupos de impalas, pukos e zebras. A vegetacao e' relativamente densa, com algumas zonas abertas. Muitos riachos secos, e um ou dois rios largos. Depois de uma hora a passear, comeco a achar que o parque nao vale nada. E entao comeca o festival...
Primeiro um pequeno grupo de 5 elefantes. Ficamos parados um bocado a ve-los. Entretanto, como estavamos no caminho deles, um comeca a a virar-se a nos, a agitar as orelhas e a fazer muito barulho. Vamos embora. Um elefante quando faz muito barulho e abana as orelhas e' so' para assustar e para afugentar. Perigoso e' quando recolhe as orelhas e comeca a correr. Ai' e' que esta' tudo fod....
Ha' bosta (a palavra inglesa e' dung, e nao me lembro de melhor traducao) de animais em cada esquina. Bosta fresca de bufalo! "Bufalo quer dizer leao", disse alguem. Isto promete! Mais uma hora a passear e mais elefantes. A meio da manha paramos junto ao rio, para um mini pic-nic. O rio cheio de hipopotamos, todos a descansar metidos na agua, 'as 8 ja esta algum calor. Esta um crocodilo na margem. Tento aproximar-me para ver melhor, mas ele foge para dentro de 'agua. E entretanto, na outra margem em frente, aparecem umas cabecas de bufalo do meio das arvores. A olhar, desconfiados. Avancam mais um bocado, e comecam a descer para o rio. Entretanto aparecem mais 4 cabecas. E sao 10, e sao 40, 60, 100, 150, 200!!! Uma grande manada de bufalos, todos a descer para beber do rio. Crocodilos na margem, hipopotamos a descansar, e umas quantas cegonhas a passar de vez em quando! Isto sim, e' um pic-nic!
De repente, um bufalo foge a correr. Viu um crocodio a aproximar-se. Os outros 200 vao logo atras. E em 3 minutos desaparecem os 200 animais na floresta. Mais uma hora de safari, com mais elefantes, impalas e zebras, e regresso 'a base. O Flatodgs tem tendas proprias, como a minha, mas tambem permite acampar no amplo jardim, seja no chao ou numas plataformas montados nos topos das arvores. As tendas estao viradas ou para o rio (sempre cheio de hipopotamos) ou para charcos, que nesta altura ja estao practicamente secos. A mim tocou-me um charco...
O dia e' passado a comer, dormir, ler ou a falar com os restantes safarianos. 'As 16.00 partida para novo passeio.
Desta vez o guia ja devia saber onde ele andava, e levou-nos directos a um leopardo! Estava o animal a tentar apanhar umas impalas ou umas zebras. Aguentamos um bocado mas ele nao teve sorte. Entretanto o guia levou-nos para junto do rio para beber uma cervejinha a ver o por do sol. Quando ja estava escuro, arrancamos, agora com um grande foco ligado, 'a procura de mais bicharada. Apareceu-nos logo o mesmo leopardo. Ele arranca a correr, vamos atras, e aparece-nos 'a frente uma hiena, a comer um bocado de impala. O leopardo aproxima-se e ataca a hiena para lhe roubar a comida, mas sem sucesso. A hiena e' bicho feio e forte! Mais umas voltas 'a noite, e regresso 'a base. Para ir do restaurante para as tendas, somos obrigados a ser acompanhados por um guarda. Golpe publicitario pela certa, para impressionar! Pois bem, logo na primeira noite, pergunto ao guarda: - Entao, algum animal por aqui hoje? - Claro! Olha, um hipopotamo. E pimba, aponta o foco para a minha direita, e a 3 metros de nos, um hipopotamo tranquilamente a comer ervinha da boa! Directo para a caminha, a ouvir muitos barulhos la fora, a imaginar o que por ali andava.
Dia seguinte, fomos fazer uma caminhada pela savana. Convenientemente acompanhados por um ranger armado. 3 horinhas a passear no meio do mato. Muitos hipopotamos, impalas, zebras, babuinos e alguns elefantes, que nos obrigaram a desviar o trajecto.
Ja andava o grupo a desesperar que nao havia leoes naquele parque, quando nos dizem que tinham visto leos nessa manha. Pois no passeio da tarde, directos aos leoes!! Agora de carro, pois claro. La estavam os gatinhos, refastelados na relva, a dormitar de barriga cheia! Cacaram de noite e agora dormem o dia todo! Estivemos uma boa mia hora a observa'-los. Um macho, 6 femeas e duas crias. A unica accao que vimos foi mesmo o macho a tratar de assuntos de procriacao com uma das femeas. Ali, sem pudor nenhum, nem pelas criancas!!! Tirando esses 20 segundos, os animais practicamente nao se mexeram. Fomos tomar a nossa cervejinha de fim de tarde, e tivemos a sorte de ver, mesmo 'a nossa frente, dois hipopotamos a lutar no rio. Este parque realmente e' um festival! Depois da cervejinha, mais um passeio pelo parque. Quase atropelavamos um leopardo que ia a passear. Conseguimos segui-lo pelo meio dos arbustos, ora perdendo-o, ora encontrando-o mais 'a frente. Mais hienas mas nada de lutas desta vez.
Nessa noite, mais um ou dois hipopotamos a passear pelo jardim. Meto-me na cama e oico arbustos a mexer mesmo ao lado da tenda. Saio para ver quem era, e escuridao total (eclipse lunar a decorrer). Ligo a lanterna e pimba, uma girafa ao lado da tenda! Como eu sou muito alto, a pequenina assustou-se e fugiu!
No dia seguinte, para nao enjoar, decidi ficar pelo acampamento, para poder dormir ate tarde e aproveitar a piscina. Pois devem ter sentido a minha falta. Nao eram duas da tarde, estou eu a contemplar o meu charco meio seco, e aparece uma manada de elefantes para beber de meu charco! Aparecem mais 2 ou 3 turistas para apreciar o espectaculo. Entretanto os elefantes voltam para o meio dos arbustos. E entao aparece outro elefante, daqueles dos grandes com uns dentes enormes, do outro lado da tenda. Vai para um lado, vai pelo outro, e eu la ganho coragem e ponho-me a andar, por tras do menino.
Dia seguinte regresso ao parque. Mais do mesmo: casal de leoes (agora isolados do grupo, va' la'), bufalos, hipopotamos, elefantes, avestruzes, impalas, pukos, passaros dos que voam (muitos muitos passaros) e babuinos, pois claro. O parque e' realmente incrivel, ha vida por todo o lado, paisagens variadas, do mais seco ao mais verde, todo o tipo de animais. So nao ha chitas, porque nao ha espacos amplos o suficiente para elas acelerarem. E' um parque que vale a pena visitar, e se possivel ficar no Flatdogs para ter a companhia dos animais. Na ultima noite, o guarda apontou para uma girafa no jardim. Estava muito perto, e com as arvores, so se via o corpo, e o pescoco a desaparecer nas arvores. A cabeca devia estar la para cima, pela certa.


Bufalos a matar a sede

Turistas a ver bufalos a matar a sede
 
Elefantes a atrapalharem o safari.

 E' preciso legenda?


Por do sol

Nascer do sol
 
Nos e os hipopotamos

Passeio pela savana ( ou, Parque a levar a comida aos leoes)

Leoes depois de comer turistas


Hipopotamos 'a bulha

Penetras no quintal das traseiras



sexta-feira, 1 de julho de 2011

Zimbabwe, parte 2




Sabado 'a noite em Harare, foi passado numa festa de uns amigos da Ana. Uma festa de divorciados! Os dois elementos do ex-casal estavam la, ele feliz da vida, ela com cara de poucos amigos. Coisas da vida... Mais uma festa da comunidade branca local. 99% brancos na festa. Nem nas nossas festas de quintal em Luanda, a falta de diversidade e' tao grande! No Zimbabwe a comunidade branca vive mesmo isolada do resto do pais. Vivem todos nas suas vivendas com piscina, jardins fantasticos, muros altos com vedacao electrificada, e so andam de casa de uns para os outros. E quanto mais problemas ha no pais, mais se isolam. Nao e' bonito de ver, nao senhor. Mas festa e' festa. Mas pior ainda que em Luanda, o gelo acabou num instante, e as bebidas pouco depois.
Domingo descansar/ressacar, um brunch com a consul de espanha e depois ainda fomos ver a casa dela. Jardim grande, piscina grande. Tudo muito civilizado. 'A noite fomos a um bar de musica ao vivo. Uma coisa como deve ser, ja mais perto do centro. daqueles com bastante fumo, e as mesas ainda pegajosas, da noite anterior. O artista e' Andy Brown, pelos vistos muito famoso neste pais. Mistura de jazz com musica tipica sul-africana. Excelente excelente! Coisa engracada aconteceu. Apareceu la um bulgaro amigo da Ana que, mal o vi, me lembrou o grande Sergio Montanha. Estive quase para lhe dar um abraco! Quanto mais olhava para o homem, mais me parecia! Deve ser das saudades dos amigos, mas tenho encontrado alguns amigos: um irlandes que e' o Osorio (as mesmas piadas exactamente!), uma consul copia da Riquito, e agora aparece Montanha, num concerto (local apropriado!). Estou a fazer a  viagem com amigos!

Na segunda-feira, tive o dia para passear sozinho pelo centro. Muito estranho: sem transito, muito limpo, parques e jardins bem cuidados, com as pessoas a almocar no meio dos jardins e apanhar sol, bancadas corridas de floristas, uma grande sensacao de seguranca. Pais muito civilizado, nao ha duvida. O mais impressionante e' que o pais continua a funcionar bem, embora esteja falido. Nem sequer tem moeda propria, utilizam agora o dolar (levantar dinheiro no multibanco em Harare e sairem dolares da maquina e' sempre engracado). Pelo que me disseram, as fazendas estao todas abandonadas, e a industria destruida. Mas mesmo assim, o pais funciona!
Nota curiosa para as lojas de internet. Muita baratas e com uns 30 ou 40 computadores cada, sempre cheias, e quase todos a usarem o Facebook. Por toda a cidade, em qualquer esquina.

Deitar cedo, no dia seguinte levantar 'as 6 para apanhar a camioneta de regresso a Lusaka, Zambia.